terça-feira, 8 de março de 2011

Seminário Batista Regular - Questões teológicas

Pastor George William Wells tinha forte influência do Piedmont Bible College (Estados Unidos) e seguia com rigor J. D. Pentecost e John Walword na escatologia. Avesso ao calvinismo, admitia o livre-arbítrio, aliás, nisso todos os missionários fundadores eram concordes. Usava a Tradução de Almeida Corrigida. Mais tarde aderiu a Bíblia Anotada por Scofield que usava a Almeida Atualizada.
Pastor Neal Marion Smith era o mais denominacionalmente convicto dos missionários. Se dizia batista e batista regular. Fundava igrejas e congregações batistas regulares. Ministrava cursos por correspondência sobre doutrinas distintivas dos batistas regulares. Sua tradução bíblica era a Corrigida de Almeida.
Pastor C A Nickell - menos dogmático, mais aberto de todos, costumava dizer que só se deveria brigar por uma doutrina quando ela fizesse diferença na salvação. Recomendava e insistia no uso da Tradução Atualizada de Almeida.
Trabalharam também no SBRS, o Pastor Gary Thomberlyn, da Igreja Batista Bíblica de Curitiba, um profundo conhecedor de Romanos, grande expositor das Escrituras e fundador de Igrejas.
O Pastor Francisco de Almeida Araújo, que merece um capítulo especial.

Seminário Batista Regular do Sul

A história do Seminário Batista Regular do Sul (Paraná Baptist Bible Institute) é extraordinária. Resultou da combinação de três figuras singulares do movimento batista regular brasileiro, Clarence Anthrum Nickell, George Wells e Neal Marion Smith. C A e Thelma eram educadores teológicos de primeira grandeza, já haviam trabalhado no Seminário Batista Regular do Amazonas. C A era um pastor muito amoroso, voltado a formação de líderes e pastores, preocupado com o amadurecimento dos seminaristas. Amoroso e paciente, grande incentivador do estudo e da leitura. Dos missionários da Baptist Mid-Missions era o menos ortodoxo, provavelmente influência de sua formação interdenominacional. Não tinha simpatias pelo comportamento apologético. Lecionou nos primeiros anos do SBRS a disciplina de Síntese (comentários gerais sobre cada livro das Escrituras) e Atos dos Apostólos, o que fazia com grande maestria. Fundou a Igreja Batista Regular de Pinhais, na rua Rio  Paraná. A especialidade de Dona Thelma era a educação cristã, matéria na qual se dedicava de todo coração. Foi também professora de música.
Pastor George William Wells foi o teólogo, mentor intelectual, do Seminário. Ele definia os rumos doutrinários do movimento batista regular do Paraná, nos tempos de 1979 a 1984. Era conhecido pela posição fundamentalista, premilenista, pretribulacionista e anti-ecumenista que vociferava nos corredores do Seminário e nas orientações que ministrava nas disciplinas de Interpretação Bíblica, Levíticos, 1 Coríntios e Doutrinas Bíblicas. A respeito da doutrina do Espírito Santo elaborou apostila própria, visando enfatizar a posição anti carismática do Seminário. Sua esposa, Dona Maxine Wells, ensinou os primeiros seminaristas as noções de comportamento, boas maneiras e etiquetas sociais. Era para isto a pessoa mais indicada. O rigoroso homem que levava o SBRS em seus ombros, construindo o edificio doutrinário no que se fundamentaria a escola de pastores naqueles anos, era também um missionário capaz de chorar em momentos de dificuldade. Quando Hilário teve que deixar o Seminário, depois da reunião da Diretoria do SBRS, Pastor Jorge, como era chamado, chorou no púlpito da capela da instituição. O amor que demonstrava por Hilário, do qual o próprio Hilário, nunca teve dúvidas, lembrava a passagem de Gálatas 5.22-23.
Pastor Nilo (Neal Marion Smith) era autêntico pastor e exímio missionário. Buscador de almas, cuidava de cada um com um carinho pastoral inigualável. Era capaz de viajar distâncias para buscar uma alma ou um futuro pastor. A conversão de um ex-padre em Fortaleza resulta dessa paixão pelas almas. Era excelente conselheiro pastoral, acolhedor, amoroso, humilde e perdoador. Conversar com Neal Smith era como receber a absolvição dos pecados, de que Jesus tanto falou. Os cultos que presidia na Primeira Igreja Batista Regular de Curitiba eram de uma dimensão espiritual indescritível.
Em 1979 as atividades acadêmicas começaram em Vargem Grande. Os primeiros alunos foram chegando depois do carnaval e morando numa casinha (Shed) que no pátio do SBRS. No terreno havia, a casa onde os rapazes moravam, no princípio apenas cinco, Eugen Ziebel,  Jair Ribeiro de Souza, Juraci José Maria e Plínio Kremer. Eugen e Plínio vieram de Novo Hamburgo, da Igreja Batista Maranata, pastoreada então, onde George Wells trabalhara. Jair viera de São Paulo e Juraci, de Taboão da Serra, cuja igreja fugia a regra na questão de comportamento das demais igrejas batistas regulares. A casa era apertada para tantos. Anexo a casa de Pastor C A ficavam as meninas, Vera Lúcia (Campinas), Leoni (Novo Hamburgo) e Maria Donizetti Maffei (Lajeado-SP). Estes constituiam a turma pioneira, os rapazes no curso pastoral e as meninas na Educação Cristã, visto que os batistas regulares, então, não admitiam mulheres no ministério pastoral.
No ensino outros missionários vieram depois, John Thomas Burnette e Dona Merriana e Wesley Monteiro e Dona Tena. Dona Merriana e Dona Tena não se envolveram no trabalho diretamente. Merriana era uma missionária simpática, fisicamente doente. Dona Tena cuidava dos seminaristas quando trabalhavam com Wesley em Umbará.
Pastor João era um estudioso, primoroso da Educação Cristã e exímio mestre em Bíblia. De um equilíbrio doutrinário fora do comum, tinha fortes influências interdenominacionais. Além de Educação Cristã, ensinava Inglês.
Em 1981 ocorreu a formatura da área de Educação Cristã. Foi emocionante. Foi celebrada no pátio do SBRS, onde se jogava volei. A primeira turma do curso pastoral formou-se em 1982. Eram os primeiros futuros pastores que a safra produzia. Nem todos seguiriam o caminho, outros com mais ou menos sucesso.

 Seminaristas cantam o Hino Nacional no primeiro dia de aula em março de 1979. (Álbum de Maria de Fátima Queiróz, São José dos Campos - SP)
Meninas, do Curso de Educação Cristã, uma espécie de curso de Magistério para atuar nas igrejas locais, estudando à tarde sob a histórica castanheira. (Álbum de Maria de Fátima Queiróz, São José dos Campos - SP)

Digitalização: Welington Diogo Franco, Ponta Grossa - PR

segunda-feira, 7 de março de 2011

Batistas Regulares e Independentes no Paraná

Aqueles que se devotarem à escrita da história dos batistas regulares e dos grupos independentes que atuavam associados no Paraná, estão obrigados a recorrerem nas pesquisas dos primeiros missionários do grupo, em Ponta Grossa, Chauncy Daniel e Lauretta Holden. Conhecidos como Pastor Daniel e Dona Loreta.
Conheci o casal de missionários em 1978 através por indicação do Pastor Israel Carlos Biork, responsável então, pelos cursos bíblicos da Imprensa Batista Regular. Pastor Daniel e Lauretta moravam no Edifício Princesa, Praça Barão de Guarauna, em Ponta Grossa. Dirigiam os cultos num pequeno salão na Rua Coronel Bittencourt, 46-A, esquina com o Hospital Santa Casa. Nesta época a congregação era frequentada, especialmente, por professores de inglês, que deviam ter feito algum contato com o missionário por causa da língua. Participavam ali, Lia Flora Mesche Logullo, Flávius Mesche, Jeanine Degraf (mais tarde, numa história comovente, Jeanine Degraf Enei). Dona Lia fora professora no Colégio Estadual Presidente Kennedy e Jeanine, no Colégio Estadual Senador Correia. Jeanine, posteriormente, deixa de ser professora e cria uma empresa de turismo aéreo, com muito sucesso. Com a mudança dos trabalho dos missionários para o Núcleo Santa Paula nos anos de 1980, Jeanine deixa a Igreja Batista Regular de Ponta Grossa.
Quando foi criado o Núcleo de Santa Paula, Daniel alugou uma casa antiga, na Rua Cerejeira, 40, de propriedade dos Gnatta, estando em frente a avenida Nicolau Kruppell Netol, avenida principal, e finalmente, comprou o terreno e construiu um templo enorme e corajoso para os fiéis. Pouco tempo depois, retornou aos Estados Unidos.
Frequentaram essa congregação, Horlei Justus e sua família, que depois foi para o Seminário Batista Regular do Sul em Curitiba, Josias Billeck, hoje corretor de imóveis, também com sua família. Minha família também teve rápida passagem nela.
A sucessão do missionário foi desastrosa. Por ela passaram os pastores Humberto Longo e um ex-diácono batista regular de São Paulo, Sr. Manoel. O relacionamento entre os membros sempre foi marcado pela discórdia, ausência de convicção batista e pela imaturidade emocional.
Daniel Holden era um homem de grande empreendimento, sonhador, graduado em Matemática, nos Estados Unidos, planejou como seria o templo em seu aspecto físico. Devotado a formação de pastores, investiu na formação de um moço, que encaminhou para o Seminário Batista Regular do Sul em 1979. Aos trancos e barrancos, o trabalho missionário plantado pelos Holdens, rendeu dois seminaristas. Infelizmente a comunhão eclesiástica com as igrejas de Curitiba não prosperou. Daniel Holden era um homem circunspecto, tímido e pouco sociável, embora rigoroso estudante das Escrituras, o que se pode perceber nas notas e rascunhos de mensagens que o autor dispõem em arquivos.

 
Digitalização: Welington Diogo Franco (Ponta Grossa - PR)

História dos batistas independentes conservadores no Paraná

Esta é uma singela contribuição à história e historiografia do movimento batista fundamentalista no Paraná. O conteúdo está sujeito a críticas e correções. As últimas correm por conta da falta de memória e catalogação dos dados pelo autor, que além de escrever também depõem. As críticas serão por conta dos estudiosos sinceros da história dos grupos de batistas fundamentalistas, principalmente, dos que são vinculados as duas missões americanas em nossa pátria, a Baptist Mid-Missions e a Association of the Baptist for Worl Evangelism e a Missão Batista Bíblica.